QUEM FOI HEITOR DOS PRAZERES
O ATIVISTA CULTURAL HEITOR DOS PRAZERES – Ele nasceu em 23/09/1898 no Rio de Janeiro, foi um artista com muitas habilidades e que deixou uma marca indelével na cultura brasileira. Seus pais eram Eduardo Alexandre dos Prazeres, marceneiro e clarinetista da banda da Guarda Nacional e Celestina Gonçalves Martins. Moravam no Bairro Carioca Cidade Nova. Ele tinha apelido de Lino; Acirema e Iraci eram suas irmãs mais velhas. Heitor nasceu numa família de músicos, desde cedo portanto, ele foi imerso no mundo das artes; desenvolveu assim uma paixão pela música e pelas artes plásticas. Você vai ver portanto porquê ele foi um ativista cultural e contribuiu para o samba e para a pintura brasileira.
SUA FORMAÇÃO AO LONGO DA VIDA
Heitor aprendeu com o pai a tocar no clarinete: polcas, valsas choros e marchas. Seu pai se preocupava com sua educação e o colocou em boas escolas. Ele estudou na Escola Benjamin Constant, no Colégio dos Padres de Sant’Ana e no Externato Sousa Aguiar, contudo, foi expulso de todas elas; cursou apenas até a quarta série do ensino fundamental. Trabalhava então, como engraxate e jornaleiro; frequentava as cervejarias e cinemas onde podia ouvir os músicos e orquestras típicas da Belle Époque, no Rio de Janeiro. Porém a polícia considerou suas andanças como vadiagem e prendeu Heitor com 13 anos e o enviou para a Colônia Correcional Dois Rios, na Ilha Grande onde ele passou dois meses. Logo depois, ao sair, seu tio Hilário Jovino Ferreira, músico deu e ele seu primeiro cavaquinho. Ele então começou a compor como seu tio e passou a ser conhecido como Mano Heitor do Cavaquinho.
A INFLUÊNCIA DE TIA CIATA
Começou a participar então, de reuniões religiosas nas casas onde os músicos experientes tocavam e improvisavam ritmos africanos como candomblé, jongo, lundu, cateretê, e samba, com instrumentos de percussão ou cavaquinho. Ele frequentava as casas de Vovó Celi, Tia Esther, Oswaldo Cruz e Tia Ciata, onde as reuniões de bambas mais importantes frequentemente eram feitas. Tia Ciata principalmente teve uma grande importância para o desenvolvimento do samba; ela oferecia a própria casa para as festas e as rodas de samba e a nata dos sambistas da época frequentavam a casa dela. (Veja sobre Tia Ciata em postagem neste Blog: https://conclavedesol.mastermusica.com.br/a-origem-do-samba) . Heitor conheceu assim, muitos músicos como Caninha, João da Baiana, Sinhô, Getúlio Marinho, Donga Saturnino Gonçalves Pixinguinha,, Paulo da Portela e outros.
ELE RETRATAVA A VIDA NAS FAVELAS
Heitor tinha uma profunda conexão com as raízes culturais do Brasil. Como sambista, ele foi um dos pioneiros na popularização do samba urbano carioca; as músicas que compôs celebravam a vida nas favelas e retratavam as alegrias e lutas do povo negro. Suas canções, como ‘Canto de Paz e ‘Mulato Calado‘, ainda ecoam como hinos da cultura afro-brasileira. Ele era compositor e pintor. Participou da fundação de grandes escolas de samba cariocas. Ele foi também, um dos fundadores junto com Cartola da primeira escola de samba do Brasil, a Estação Primeira de Mangueira, e dedicou sua vida a promover a igualdade racial e o reconhecimento da contribuição negra para a cultura brasileira. Participava das reuniões dos Grupos ‘Prazer da Moreninha‘ e ‘Vai como Pode’ que se uniram e se tornaram a Portela, sua escola de samba favorita, cujas cores azul e branco foram escolhidas por ele.
SEUS RELACIONAMENTOS
Heitor dos Prazeres teve vários relacionamentos amorosos: inicialmente teve um relacionamento com a Tia Ialorixá Carlinda; em 1920 nasceu sua filha mais velha, Laura. Depois casou-se depois em 1931 com Dona Gloria, com quem teve três filhas, Ivete, Iriete e Ionete. Sua esposa Glória faleceu vítima de tuberculose. Ele teve depois uma segunda esposa Nativa com quem teve dois filhos: Idrolete e o músico Heitorzinho dos Prazeres. Seu primeiro filho homem inspirou o tema ‘A Coisa melhorou‘. Depois ainda dentro deste relacionamento, em São Paulo, conheceu uma mulher chamada Rosa, que lhe inspirou o tema ‘Linda Rosa‘ e com quem teve uma filha chamada Dirce. Teve então sete filhos. Sua paixão por mulheres está presente em muitas de suas canções mais famosas, incluindo ‘Deixa a Malandragem‘, ‘Gosto que me Enrosco‘ e ‘Mulher de malandro‘.
O PINTOR HEITOR DOS PRAZERES
Heitor dos Prazeres também se destacou como pintor. Ele optou pelo estilo naif que que dizer: ingênuo, inocente. Suas obras vibrantes e cheias de cores refletem sua vivência nas ruas do Rio de Janeiro. Ele capturou a essência da vida urbana e da cultura popular brasileira. Nesse sentido, seus quadros frequentemente retratam cenas do cotidiano nas favelas. Retratam também as festas populares e personagens folclóricos, revelando assim, um olhar sensível e autêntico sobre a realidade social do país. Em 1937, começou a exibir suas pinturas, nas quais retratava também crianças brincando, homens jogando ou bebendo, jovens dançando samba, etc. Representava sempre, os rostos das pessoas de perfil, com a cabeça e os olhos voltados para cima. Em 1943 o quadro ‘Festa de São João‘ exposto numa exposição em Londres foi comprado pela Rainha Elizabeth (na época princesa). A exposição era em prol das vítimas da 2a. Guerra Mundial.
O ATIVISTA CULTURAL HEITOR DOS PRAZERES
HEITOR E SEU ATIVISMO CULTURAL
Heitor dos Prazeres não apenas deixou um legado artístico duradouro, mas também foi um ativista cultural comprometido com a valorização da identidade afro-brasileira. Ele foi um dos fundadores juntamente com Portela da primeira escola de samba do Brasil, a Estação Primeira de Mangueira. Dedicou sua vida a promover a igualdade racial e o reconhecimento da contribuição negra para a cultura brasileira.
A BIENAL DA ARTE MODERNA DE SÃO PAULO
Participou outrossim, da primeira Bienal de Arte Moderna de São Paulo, em 1951 com a presença de artistas de todo o mundo. Ficou em terceiro lugar entre os premiados artistas nacionais com seu quadro ‘Moenda‘. Na segunda Bienal de São Paulo, em 1953, foi então reservada especialmente para ele uma sala para a exposição de sua obra. Como resultado ele criou cenários e figurinos para o balé do Quarto Centenário da cidade de São Paulo. Em 1959, exibiu pela primeira vez individualmente na Galeria Gea Rio de Janeiro.
A CASA DO PEQUENO JORNALEIRO
Em 1933, Heitor dos Prazeres compôs Canção do Jornaleiro. Era uma letra autobiográfica. Falava da vida das crianças que vendem jornais nas ruas. A partir daí, se iniciou uma campanha para financiar a construção da Casa do Pequeno Jornaleiro, que abriu em 1940. A Casa do Pequeno Jornaleiro foi uma iniciativa social fundada por ele em 1940, no Rio de Janeiro. Era um espaço destinado a oferecer educação e assistência social para crianças carentes, principalmente aquelas que trabalhavam como vendedores de jornais nas ruas. A instituição visava proporcionar oportunidades de aprendizado, cultura e lazer para essas crianças, contribuindo para melhorar suas condições de vida. A Casa do Pequeno Jornaleiro foi uma importante contribuição de Heitor dos Prazeres para a comunidade e seu legado como artista e ativista social. Essa iniciativa demonstra o compromisso de Heitor dos Prazeres com a promoção da igualdade social e o bem-estar das comunidades menos favorecidas.
A EMBAIXADA DO SAMBA CARIOCA
O SAMBA EM TERRAS PAULISTAS
Em 1939 e 1941 participou em São Paulo do evento Carnaval do Povo com o grupo Embaixada do Samba Carioca, criado para a ocasião. Participaram mais de cem artistas como Paulo da Portela, Cartola, Carmem Costa, Dalva de Oliveira, Aracy de Almeida e Francisco Alves. Participaram também Carlos Galhardo, Bide, Marçal, Henricão, Herivelto Martins e Nilo Chagas. Este evento foi realizado ao ar livre e organizado pelo radialista e compositor Adoniran Barbosa. Foi transmitido pelas rádios Cruzeiro do Sul e Kosmo, conquistou o samba em terras paulistas e de lá para Buenos Aires e Montevidéu. Graças à repercussão desse tipo evento o samba tornou-se aceito pelos setores mais ricos e ser ouvido maciçamente em casinos, cinemas, rádios, etc.
HEITOR DOS PRAZERES, SUA PASSAGEM E SEU LEGADO
Sua influência transcendeu fronteiras artísticas e geográficas, inspirando igualmente gerações de artistas e intelectuais. Heitor dos Prazeres fez a passagem em 4 de junho de 1966 no Rio de Janeiro. Seu legado continua vivo em sua música, suas pinturas e no coração daqueles que valorizam a riqueza e a diversidade da cultura brasileira. Ele permanece como uma figura emblemática que soube personificar a alma pulsante e vibrante do Brasil. Como artista, ele foi um renomado compositor, pintor, e dançarino, destacando-se especialmente na divulgação e preservação do samba e da cultura afro-brasileira. Suas músicas e pinturas capturam a essência da vida cotidiana e das tradições do povo brasileiro, celebrando a riqueza da cultura popular. Em suma, o legado de Heitor dos Prazeres reside na sua contribuição para a preservação da cultura brasileira. Muito importante a sua luta pelos direitos das crianças e seu impacto duradouro nas artes e na sociedade brasileira.
HEITOR DOS PRAZERES HOMENAGEADO
Desse modo, em 1999, no centenário de seu nascimento, foi realizada uma retrospectiva de sua obra pictórica. Foi realizada no Espaço BNDES e no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. Em 2003 a jornalista Alba Lírio publicou o livro Heitor dos Prazeres: Sua Arte e Seu Tempo.
Se você gostou desta postagem e de conhecer um pouco da vida e obra de Heitor dos Prazeres, role a tela até o final e vai achar um espaço para colocar o seu comentário, crítica ou sugestão. Não deixe de ver nossa próxima postagem: João Gilberto
FONTE:
- https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10428/heitor-dos-prazeres
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Heitor_dos_Prazeres
- https://issuu.com/sapotiprojetosculturais/docs/heitor_dos_prazeres_web/s/30013046#google_vignette
- https://chat.openai.com/
- https://virusdaarte.net/wp-content/uploads/2016/05/HEIFESSAJ.jpg
- https://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra9252/moenda
- https://www.arteducacao.pro.br/o-carnaval-na-arte-carnaval-nos-arcos-heitor-dos-prazeres.html#google_vignette