FREVO, A DANÇA FRENÉTICA

Frevo Pernambucano – Frevo Fogão de autoria de Sergio Lisboa

FREVO, A DANÇA FRENÉTICA

O QUE É O FREVO?

O frevo é uma manifestação folclórica que surgiu no final do século XIX e início do século XX. Ele nasceu como um rItmo de Carnaval, vindo dos maxixes, dobrados e marchinhas carnavalescas. O frevo é típico do Estado de Pernambuco, sendo uma das principais manifestações culturais do estado. Ele é característico do Carnaval de Rua do estado, em especial nas cidades de Olinda e Recife. Surgiu no século XIX e tem como característica ausência de letras; é uma dança que usa pequenos guarda-chuvas coloridos como elementos da coreografia. O termo ‘frevo‘ veio do verbo ferver, cujo sentido, nesse caso, se relaciona com o ritmo frenético executado pelos dançarinos. O frevo se originou da rivalidade entre as bandas militares e os escravizados que tinham se tornado livres.

O VERBO FERVER

A DANÇA FRENÉTICA

A palavra frevo surge como uma corruptela do verbo ferver (“frever”), isso porque o frevo é uma dança frenética, isto é, com um ritmo muito acelerado. O contexto histórico em que essa expressão cultural despontou, era igualmente frenético em termos políticos e sociais. Vivia-se dessa forma, o pós-abolicionismo, enquanto surgia uma nova classe operária. O frevo caracteriza-se por ser uma marchinha acelerada ao som de uma banda que segue o estilo dos blocos de carnaval. Ele incorpora então, elementos de outras danças, tais como maxixe, polca e, inclusive, a capoeira. A orquestra do frevo recebe o nome de Fanfarra. A música que se executa no decorrer da dança, por sua vez, chama-se frevo.

O RÍTMO SINCOPADO

O frevo teve assim, influência principalmente do Maxixe. O Maxixe surgiu no final do séc. XIX e início do séc. XX. A linguagem musical do maxixe se caracteriza pela rítmica sincopada, com acentos fora do tempo forte da música. Esse estilo de sincopação é conhecido como “batida cruzada” e é uma das principais características do Maxixe. A música apresenta compasso 2/2 ou 4/4, dando uma sensação de ‘swing'(gênero musical americano que se desenvolveu a partir do Jazz) ou balanço. O Maxixe influenciou também para o desenvolvimento do samba. (Veja Post sobre o Samba neste Blog clicando em https://conclavedesol.mastermusica.com.br/a-origem-do-samba/). A marcha, o maxixe e a polca influenciaram o aparecimento da música do frevo, enquanto a capoeira influenciou a sua dança. Esse ritmo rápido caiu nas graças dos brasileiros em pouco tempo, e se tornou então, uma das principais danças da época.

COMEMORAÇÃO DO DIA DO FREVO

O Iphan em 2007 reconheceu o frevo como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Em 2012 a Unesco colocou o frevo em sua Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, por possuir um grande valor cultural. Então, nos dias 9 de fevereiro e 14 de setembro comemora-se o Dia do Frevo. O vereador Doduel Varela afirmou em sessão solene da Câmara Municipal de Recife em 21/09/2023 que a homenagem ao frevo e às pessoas que promovem o ritmo e a música “tem o perfil de respeito, gratidão e envolvimento com aquelas pessoas que dedicam suas vidas para enaltecer nossos valores, nossas raízes e são a verdadeira resistência que defende o fortalecimento dos símbolos mais significativos para o povo pernambucano e fomenta o respeito por nossa origem”.

CARACTERÍSTICAS DO FREVO

A DANÇA FRENÉTICA

Uma das marcas registradas do frevo está no fato do uso das pequenas sombrinhas coloridos utilizadas pelos passistas, que também apresentam um figurino bastante colorido. Esse ítem faz toda diferença na execução da dança, já que contribui assim, na coreografia, auxiliando os dançarinos no equilíbrio e nos passos acrobáticos do frevo. Além disso, o uso da sombrinha na dança tem a mesma origem dos grupos de capoeira; se observarmos de perto os movimentos corporais do frevo hoje, podemos identificar então, claramente a influência da capoeira na sua composição, especialmente os movimentos baixos, que requerem máximas flexões dos joelhos. São características do frevo: presença de música e dança, música tocada por instrumento de sopro, rítmo acelerado, inserção de elementos de outras danças folclóricas, inserção de elementos da capoeira e figurinos coloridos e a utilização de pequenas sombrinhas.

Frevo – Mulher Trio

OS PASSOS NO FREVO

São catalogados mais de cento e vinte passos para o frevo. Os nome são bem peculiares como: Dobradiça, Tesoura, Locomotiva, Ferrolho, Parafuso, Pontilhado, Ponta de Pé e Calcanhar, Saci-Pererê, Abanando, Caindo-nas-Molas, Pernada… Em geral, os passos mais complexos, que incluem habilidades acrobáticas, são realizados apenas por passistas dos blocos; a grande massa de foliões, dessa forma, mantém a sua diversão afinal, com passos mais simples e populares. Relatos de jornais da época em que foi estabelecido, mostram que, durante o Carnaval, o ritmo realmente ganhava as ruas da cidade de Recife. Para conter o “frervor” dos foliões“, os organizadores passaram a contratar grupos de capoeira, que se apresentavam à frente dos blocos, com o intuito de controlar os comportamentos violentos que eventualmente, surgiam.

O PAÇO DO FREVO

Paço do Frevo foi inaugurado em 2014 no Recife. Trata-se de um local que reúne a história dessa expressão cultural. Lá também, há informações referente ao frevo e toda sua história. Neste local tem aulas com apresentações multimídia dedicadas à dança local e ao frevo. Há uma política de gratuidade com visitas mediadas; todos são convidados então, a se aproximar do frevo e experenciar tanto como a adquirir saberes sobre o tema. O objetivo é valorizar e divulgar a arte que compreende as áreas da dança e da música que fazem parte da cultura brasileira.

O GALO DA MADRUGADA

Galo da Madrugada é o maior Bloco Carnavalesco do mundo segundo o Guinness World Records; foi criado por Enéias Freire e seus amigos em Recife ganhando enorme adesão de foliões. Todo ano, dezenas de Trios Elétricos  arrastam os foliões da capital pernambucana. Anualmente, o Galo costuma levar às ruas mais de 2.5 milhões de foliões. Com um percurso de cerca de 6.5 km, o desfile tem início nos arredores do Forte das Cinco Pontas e termina junto à Rua do Sol, nas imediações da Ponte Duarte Coelho onde anualmente é montado um galo gigante; afinal, essa escultura se tornou o símbolo do carnaval recifense. O Galo da Madrugada inspirou a criação de outros blocos pelo Brasil, e pelo mundo, a exemplo do Pinto da Madrugada, em Maceió, Sapo da Madrugada, no Amazonas o Galinho de Brasília,  e o Galo na Neve, no Canadá. 

Galo da madrugada – imagens aéreas 2024

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