O NOME DELE NÃO ERA ADONIRAN BARBOSA

Trem das Onze – Demônios da Garoa

O NOME DELE NÃO ERA ADONIRAN BARBOSA

O nome dele não era Adoniran Barbosa – SIM, esse era o nome artístico de João Rubinato. Ele adotou esse nome artístico em homenagem a dois de seus ídolos: Adoniran, inspirado em Adoniran Kenitiro Sato, um amigo de infância, e Barbosa, em homenagem ao cantor Luiz Barbosa, muito popular na década de 1930 e conhecido por suas interpretações de sambas sincopados. O nome artístico foi uma forma de prestar tributo a essas duas personalidades que marcaram sua vida. Adoniran ficou conhecido nacionalmente como o pai do samba feito em São Paulo. Nasceu em Valinhhos em 06/08/1912. Foi compositor, cantor, comediante e ator brasileiro. Era filho de Francesco Rubinato e Emma Richini imigrantes italianos.

INFÃNCIA E PRIMEIROS EMPREGOS

Entrou na Escola mas a abandonou logo cedo, pois não gostava de estudar. Necessitava trabalhar para ajudar a família numerosa. Adoniran tinha sete irmãos. Os ‘Rubinato’ viviam se mudando de cidade tentando resolver seus problemas financeiros. Moraram primeiro em Valinhos, em seguida em Jundiaí e depois vieram para São Paulo. Adoniran trabalhou como entregador de marmitas; quando procurava matar a sua fome ‘surrupiava’ alguns bolinhos das marmitas que tinha que entregar. Com 22 anos se empregou como vendedor de tecidos.

ELE QUERIA SER ATOR

Ele queria muito ser ator. Sentiu frustrações por ter muitas vezes seu talento rejeitado. Procurou de várias maneiras fazer seu sonho acontecer. Tentou o rádio e depois o palco, mas sempre sem sucesso. Tinha pouca cultura e não tinha quem o ‘apadrinhasse’. Atuou na Rádio Record, onde trabalhou por mais de trinta anos como ator cômico, discotecário e locutor. O samba, acabou vindo de uma forma acidental. Escolado pela vida, sabia que o sucesso só  seria alcançado através do rádio. Ele percebeu essas possibilidades por meio da interpretação; tinha boa voz, poderia tentar os programas de calouros. Ele estreou cantando em um Programa de Jorge Amaral na Rádio Cruzeiro do Sul. Foi  gongado, mas não desiste e volta novamente cantando o samba de Noel Rosa, ‘Filosofia‘, (veja postagem sobre Noel Rosa neste Blog https://conclavedesol.mastermusica.com.br/noel-rosa-o-poeta-da-vila/) que lhe abriu as portas e lhe serviu de inspiração para suas composições futuras. 

NASCE O COMPOSITOR ADONIRAN BARBOSA

Fez também alguns programas interpretando tipos populares que fizeram pouco sucesso. Mesmo assim, é a partir desses programas que ele encontra a medida exata de seu talento: a soma das experiências vividas, suas observações na linguagem e construções linguísticas, a escolha do rítmo e da fala do paulistano são elementos integrantes na construção do seu samba. Ao contrário dos outros sambistas que procuravam dar um tom sublime nas letras, empregavam a segunda pessoa e ressaltavam a origem miserável da maioria, Adoniran mergulha na linguagem paulistana, retrata em suas canções tipos humanos: os despejados das favelas, os engraxates, a mulher submissa que abandona a casa, o homem solitário. A tragédia da exclusão social dos sambistas se revela como a tragicômica cena de um país que subtrai de seus cidadãos a dignidade. Descobre o humor mesmo que amargo e usa também esta característica.

O PRIMEIRO E OUTROS SUCESSOS

O nome artístico Adoniran Barbosa

Adoniran Barbosa adotou esse nome artístico e não teve uma formação musical. Ele aprendeu muito nas rodas de samba que frequentava, nas observações que fazia da vida cotidiana de São Paulo. A transcrição de suas músicas para o formato de partituras era feito por músicos ou arranjadores. Esses profissionais eram responsáveis por transcrever a ideia musical de Adoniran, para que outros músicos pudessem interpretá-las com precisão. O seu primeiro sucesso foi: “Trem das Onze“. A canção é regravada pelos “Demônios da Garoa” e aconteceu primeiramente no Rio com sucesso retumbante. Com sua atuação na Rádio ele ganhou muita experiência  e inspiração para suas músicas. Veio depois  “Saudosa Maloca“, também gravado pelos  ‘Demônios da Garoa‘. Em seguida lança  “Samba do Arnesto” e “Abrigo de Vagabundo“.  Uma de suas últimas composições foi “Tiro ao Álvaro“, gravada por Elis Regina em 1980.

SEUS CASAMENTOS

Casou-se com Olga Krum, com quem teve sua única filha, Maria Helena Rubinato; porém, este casamento durou apenas um ano. Após o desquite, viveu com Matilde De Lutiis até o final de sua vida. Ela sempre o apoiou e foi de grande importância na vida do sambista. Matilde sabia conviver com ele e não apenas prestigiou a sua carreira como o incentivou a ser apenas como ele era mesmo.  Ela trabalhava também fora e ajudava o sambista nos momentos difíceis, que eram constantes. Adoniran vivia para o rádio, para a boêmia e para Matilde. Numa de suas noitadas, embriagado, perde a chave de casa e não houve outro jeito senão acordar Matilde, que se aborreceu. O dia seguinte foi repleto de discussão. Entretanto, Adoniran como compositor e dando por encerrado o episódio, compõe o samba ‘Joga a Chave’.

ÚLTIMOS ANOS E PARTIDA

Adoniran nos seus últimos anos de vida, sofria com um enfisema pulmonar; sentia-se então impossibilitado de sair de casa durante a noite. Ainda gravava algumas canções, mas com dificuldade devido ao seu problema de saúde, a respiração e o cansaço frequentemente não lhe permitem muita coisa mais – entretanto dá depoimentos importantes, reavaliando sua trajetória artística. Compõe pouco. Partiu em 23/11/1982, aos 70 anos, durante uma internação. Deixou sua companheira de mais de quarenta anos, Matilde de Lutiis. 

EM RESUMO:

Em conclusão: Adoniram Barbosa deixou uma contribuição inestimável para a música brasileira, em particular para o samba paulista. Algumas das principais contribuições de Adoniram incluem:

  1. Retrato do Cotidiano Paulistano: Suas letras retratam a vida e os desafios das pessoas comuns em São Paulo, especialmente os trabalhadores e moradores de bairros como Bexiga e Mooca. Ele falou sobre a urbanização, as mudanças sociais e os desafios da vida na cidade em crescimento.
  2. Linguagem Única: Adoniram era conhecido por usar uma linguagem coloquial, repleta de gírias e expressões típicas do paulistano da época. Isso deu autenticidade às suas músicas e ajudou a estabelecer uma conexão profunda com seu público.
  3. Músicas Icônicas: Ele compôs algumas das músicas mais icônicas do samba brasileiro, como “Trem das Onze”, “Saudosa Maloca”, “Samba do Arnesto”, entre outras. Essas músicas continuam populares e são consideradas clássicas do repertório do samba.
  4. Influência para Novos Artistas: A obra de Adoniram influenciou várias gerações de músicos e continua a inspirar artistas até hoje. Seu estilo único e a capacidade de contar histórias por meio de suas canções deixaram um legado duradouro.
  5. Preservação da Cultura Paulistana: Adoniram ajudou a preservar e celebrar a cultura e o dialeto dos imigrantes italianos em São Paulo, bem como de outras comunidades que formaram a tapeçaria cultural da cidade.

FONTE-:

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