PARTE II
SAMBA E ESCOLAS CAMPEÃS II
Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mocidade Alegre
Samba e Escolas Campeãs II – Saiba porque o samba enredo e a apresentação fez da Mocidade Alegre uma grande campeã de São Paulo. No início, em 1950, um grupo de homens costumavam saír às ruas da região central de São Paulo, fantasiados de mulher. Esse grupo, formado por Juarez Cruz e seus dois irmãos e mais dois amigos. Os três irmãos moravam no Bairro Bom Retiro. Naquela época havia acontecido o fechamento dos prostíbulos do bairro do Bom Retiro pela Prefeitura; os foliões batizaram então seu grupo em 1958 como “Bloco das Primeiras Mariposas Recuperadas do Bom Retiro“; somente homens participavam do grupo. Depois, em 1963, os integrantes saíram fantasiados de palhaço e pela primeira vez, uma mulher desfilou pela Avenida São João. Um locutor da Rádio América, Evaristo de Carvalho, disse, referindo-se ao grupo: É um bloco muito alegre! A partir dali, surgia o nome Mocidade Alegre.
O SUPERMERCADO PEG PAG
François Bellot era um francês, diretor do Supermercado Peg Pag, onde Juarez Cruz trabalhava; em 1964 François solicitou a presença do Bloco para animar uma festa em sua residência. Ele gostou tanto que à partir daí, o supermercado passou a ajudar o então Bloco Carnavalesco. Por sugestão de François Bellot, em 1965 o grupo, pela primeira vez foi participar do Carnaval de Santos onde havia um Carnaval de rua organizado, diferentemente do que acontecia na Capital. Em 1968, foi finalmente oficializado o Carnaval de São Paulo, e desse modo, foi criado então, o Grêmio Recreativo Mocidade Alegre.
A MORADA DO SAMBA
Samba e escolas campeãs II
Em 1970, foi inaugurada por fim, sua quadra na Avenida Casa Verde. À princípio, os ensaios eram feitos nas ruas da Vila Mariana. Sua sede foi então, denominada de ‘Morada do Samba‘. O termo ‘Morada do Samba’ foi criado por um integrante da escola chamado Argeu e sintetizava os principais objetivos da diretoria: abrir as portas da Mocidade para qualquer sambista, de qualquer co-irmã, qualquer pavilhão…um lugar para o sambista se sentir em casa. A preocupação com a cultura também foi uma das características mais fortes da Mocidade logo nos primeiros anos. Tanto a difusão da cultura sambística para fora da escola, e do mesmo modo, a absorção de repertórios culturais externos para enriquecimento intelectual da comunidade. Enfim, a Escola foi campeã por 12 vezes e foi bi-campeã nos anos: 1971 e 1972; depois em 2012 e 2013 e agora pelo terceira vez é bi-campeã 2023 e 2024.
UM ENREDO SOBRE A FÉ…
Uma curiosidade: Em 2014 a Mocidade escolheu um enredo ainda mais sensível: ousou nas cores, nos tons e na escolha dos adereços e fantasias; soube assim abusar bastante do enredo escolhido: ‘Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar.’ Foi um desfile impecável, com alegorias, fantasias, samba-enredo; tudo enfim, primado pelo detalhismo e comunicação com o público. E mais uma vez uma grande inovação, trazendo uma surpresa: toda a escola se ajoelhava ao cantar o refrão: ‘De joelhos eu vou cantar, tenho fé de verdade vou além, na Mocidade, o samba diz amém.’ Afinal de contas, a escola foi aclamada campeã com folga. Conseguiu dessa forma, o segundo tricampeonato. Solange Bichara e o carnavalesco Paulo Menezes choravam convulsivamente. Assim também, Rogerinho e Lucinha, o casal de Mestre Sala e Porta Bandeira. Dudu Nobre que era o ‘puxador’ se sentia orgulhoso deste título.
BRASILÉIA DESVAIRADA
Samba e escolas campeãs II
Este ano de 2024 a Mocidade Alegre levou para a avenida o enredo ‘Brasiléia Desvairada: a busca de Mário de Andrade por um país‘, do escritor Mario de Andrade. Em um dos seus livros mais famosos, ‘Paulicéia Desvairada‘, o poeta já havia colocado suas questões em como ‘pensar o Brasil‘. Descreveu em seus poemas as transformações e contradições de São Paulo nos anos de 1920. Nas palavras e nos pensamentos do escritor, estão a urgência de pesquisar o Brasil, entender e construir essa nação, saber sobre suas nuances e o que lhe define, para assim, ser possível articular o passado que fomos, o presente que somos e o futuro que ainda podemos ser. Em 2024, a cidade celebra 470 anos da sua fundação, o que parece ser um momento oportuno para repensar a sua formação. A metrópole é, afinal, síntese nossa.
O CARNAVALESCO JORGE SILVEIRA
Samba e escolas campeãs II
Jorge Silveira é o carnavalesco da agremiação. Ele, em sua sinópse do desfile, pensou: quando uma escola de samba pisa na avenida, ela também reconstrói o seu país e está em busca de quem somos. Afinal, uma agremiação é feita dessas pessoas, de múltiplas origens e sotaques. Cada desfile é feito assim, com encontros, da força coletiva que nos faz um só e do resgate das nossas múltiplas ancestralidades. Construir mais uma vez um novo Brasil, rever a identidade brasileira e, ainda assim, festejar quem somos é o desejo e a missão da Mocidade Alegre para 2024. Uma escola que tem o povo e o compromisso de celebrar, em seu próprio nome. E então, como de costume, a escola realizou uma belíssima apresentação e atraiu os olhares atentos do público, com elementos visuais de fácil leitura e muito bem narrados pelo samba da agremiação. Por isso, foi consagrada bicampeã.
“Essa cidade sempre teve esse ritmo acelerado, insano e desvairado.
Minha Paulicéia Desvairada, assim a batizei.” (Mário de Andrade)
SAMBA ENREDO DA AGREMIAÇÃO
Brasiléia Desvairada: A Busca de Mário de Andrade Por um País
Ê Pirapora
Parnaíba que vai bem
Pirapora vale um conto
Parnaíba um conto e cem (3x)
O tambor me chamou, pra firmar no terreiro
Em cada verso, sentimento verdadeiro
Bordei um país de felicidade
Na voz da minha Mocidade
Sou dessa terra
Filho da garoa fina
Onde a dura poesia, me fez arlequim
Retalho de um delírio insano
Sagrado e profano, por tantos Brasis
Trilhando caminhos de crença e paz
Dourado é teu chão, oh Minas Gerais!
Eu vi no traço genial
A arte barroca, um dom divinal
Jangadeiro, ê, no banzeiro
No balanço navego teu rio-mar
Pra conhecer o teu sabor Marajó
Tem batuque na gira do Carimbó
Baque virado, marimba na congada
Noite enluarada, no Maracatu da Casa Real
Fechei o corpo no catimbó
No frevo, saudade só
Me embriaguei de carnaval
Oh, Brasiléia Desvairada
Onde a poesia fez Morada
De cada lembrança, escrevo a história
Batizada no samba de Pirapora
O tambor me chamou, pra firmar no terreiro
Em cada verso, sentimento verdadeiro
Bordei um país de felicidade
Na voz da minha Mocidade
Veja sobre as origens do Carnaval a postagem ‘ANTES DO CARNAVAL – ENTRUDO‘ clicando no link: https://conclavedesol.mastermusica.com.br/antes-do-carnaval-entrudo/
FONTE:
- https://www.youtube.com/watch?v=i5hFJbphTSg
- https://www.youtube.com/watch?v=8aXybYnMuKM&t=488s
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Mocidade_Alegre
- https://carnavalesco.com.br/sinopse-do-enredo-da-mocidade-alegre-para-o-carnaval-2024/
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