AMÉRICO JACOMINO – O CANHOTO

Abismo de rosas na excecução de Fábio Lima

QUEM FOI “O CANHOTO”?

AMÉRICO JACOMINO – O CANHOTO, assim conhecido porque tocava o violão com a mão esquerda; e o mais interessante é que o fazia sem inverter o encordoamento como normalmente fazem os canhotos. Ele teve uma grande importância na nossa história da música graças ao seu talento; deve-se a ele o enobrecimento desse instrumento. O violão era marginalizado, considerado um instrumento ‘menor’ que apenas os marginais faziam uso dele. Ele mostrou nos palcos uma performance excepcional e um estilo marcante. Uma das técnicas marcantes que ele usava era o seu vibrato – que é um efeito de tremer a mão sobre a corda tocada. Ele tremia quando realizava o vibrato e todo o seu corpo tremia também.

CANHOTO E SUA CARREIRA MUSICAL

Jacomino nasceu em São Paulo em 1889. Era filho de Crescêncio Jacomino e de Vicencia Carpello. Eles eram imigrantes italianos da região de Nápolis. Jacomino não teve nenhuma formação musical e tocava escondido do seu pai. Ele não queria que seu filho se tornasse músico. Este fato já se tornava um obstáculo para Jacomino. Além disso ele tocava com o violão do lado direito; era canhoto. Isso dificultava muito mais o seu aprendizado. Ainda assim ele tentou vencer as dificuldades. Tentava aprender sozinho. Estudou teoria musical sem ter um professor, aprendeu a tocar e criou técnicas rompendo todas as barreiras e além disso fora dos padrões da época. Este fato começou a causar grande admiração a todos que o assistiam. Esta forma inusitada de tocar que ele criou, foi uma forma de superar os obstáculos que encontrou Teve muita influência do seu irmão Ernesto Jacomino.

CANHOTO, SUAS PROFISSÕES E SEU CASAMENTO

Mas a vida não foi assim tão fácil. Teve anteriomente vários empregos: foi pintor de painéis, foi vendedor de jornais e com as economias desses trabalhos é que comprou seu primeiro violão. Depois da morte de seus pais teve necessidade de se sustentar apenas com suas apresentações e outros trabalhos musicais. Casou-se com Maria Vieira de Moraes, com quem teve um filho: Luis Américo Jacomino.

CANHOTO E O SUCESSO

Gravou seu primeiro disco pela Odeon em 1912. Houve grande reconhecimento pelo público. Além disso passou a compor. Frequentemente gravava suas músicase e se apresentava regularmente recebendo o reconhecimento tanto do público quanto da crítica, de modo a consolidar-se no mundo artístico. Depois disso, organizou um recital no Salão Nobre do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Essa apresentação foi da maior importância, pois além de contar com a participaçãop de excelentes músicos, houve palestras com temas musicais e interpretação de poemas que enriqueceram o recital. Portanto este fato repercutiu muito na crítica paulistana devido a sua performance no instrumento e a excepcional qualidade de suas composições.

CANHOTO E A IMPORTÂNCIA DO VIOLÃO PARA A MÚSICA ERUDITA

As elites ignoravam o violão pois o consideravam um instrumento de menor importância. Dessa forma pensavam que o violão não teria nenhuma relevância em recitais. Porém neste concerto realizado em 1916, perceberam a importância do violão na música instrumental. A partir daí Canhoto recebeu convites para gravar e se apresentar nos melhores palcos do País.. O violão passou a ser valorizado a partir de então.

A OBRA DE CANHOTO

A obra de Canhoto é pois, muito importante; uma de suas músicas de maior sucesso ‘Abismo de Rosas’ se constitui um hino que todo violonista faz questão de tê-la em seu repertório. Destacamos neste parágrafo outras obras: Marcha triunfal brasileira,  Caprichoso, Alvorada de estrelas, Reminiscências, Marcha dos marinheiros, A Menina do sorriso triste, Delírios, Guitarra de minha terra, Olhos feiticeiros, Arrependida, Tempo antigo, Niterói, Amor de Argentina, Quando os corações se querem, Marcha triunfal Brasileira. Adicionalmente criou também um método de violão usado com sucesso até os dias de hoje.

ZUZA FALA DE CANHOTO

Zuza Homem de Mello diz então sobre Canhoto: “Sua canção “Abismo de rosas” é “hino nacional do violão brasileiro”. Com esta publicação, pretende-se restabelecer este expoente da música do século XX aos leitores do século XXI.”

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