LUIZ GONZAGA, O REI DO BAIÃO

Luiz Gonzaga – Asa Branca, Fagner, Sivuca Guadalupe

LUIZ GONZAGA, O REI DO BAIÃO

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Luiz Gonzaga, o rei do baiãoLuiz Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13/12/1912 na Fazenda Caiçara, na área urbana do município de Exu, PE. Foi o segundo filho de Ana Batista de Jesus Gonzaga do Nascimento, conhecida na região por ‘Mãe Santana’, e oitavo de Januário José dos Santos do Nascimento, um roceiro e sanfoneiro. O padre José Fernandes de Medeiros o batizou na matriz de Exu em 05/01/1920. Seu nome, Luiz, foi escolhido porque 13 de dezembro é o dia da festa de Santa Luzia, Gonzaga foi sugerido pelo vigário que o batizou, e Nascimento por ser dezembro, mês em que o cristianismo celebra o Nascimento de Jesus. Desde cedo, Gonzaga mostrou interesse pela música, influenciado por seu pai, Januário, que era sanfoneiro. Dessa forma, Luiz aprendeu a tocar a sanfona de oito baixos com seu pai.

O AMOR PROIBIDO

Antes dos dezoito anos, a primeira paixão de Luiz foi Nazarena. Foi rejeitado pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, que não o queria para genro, pois ele não tinha instrução, era muito jovem e sem maturidade. Ameaçou-o de morte. Mesmo assim Luiz e Nazarena namoraram às escondidas por meses e planejavam se casar. Os pais de Luiz, lhe deram uma surra ao descobrirem que ele se envolveu com a moça sem a permissão da família dela. Nazarena disse ao pai que estava grávida. O coronel Raimundo ficou enfurecido e tentou matar o rapaz, que o enfrentou na luta. Contudo eles mentiram para forçar o casamento. Mas Raimundo não concordou. Revoltado por não poder casar-se com Nazarena, e por não querer morrer nas mãos do pai dela, Luiz Gonzaga vendeu sua sanfona e ingressou no exército em julho de 1930 na cidade de Fortaleza. Buscava no Exército uma vida melhor.

LUIZ GONZAGA E O EXÉRCITO

Com a Revolução de 30, no exército Luis Gonzaga viajou pelo país. Era o corneteiro da tropa. Não entrou para a orquestra do quartel, pois não sabia ler partitura. Mandou então fazer uma sanfona e decidiu ter aulas com Domingos Ambrósio, sanfoneiro de Minas. Transferido para Ouro Fino, Sul de Minas, tocou pela primeira vez em um clube. Durante nove anos viajou por vários estados brasileiros, como soldado, sem dar notícias à família. Passou por Teresina, Campo Grande, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Ouro Fino e depois Rio de Janeiro. sempre trabalhando no Exército. Deu baixa em 27/03/1939 quando deixou o Exército; foram nove anos sem dar notícias à família. Foi aconselhado no Rio a tocar em diversos lugares: nos bares do Mangue, nas docas do Porto e nas ruas e nos cabarés da Lapa. Nessa época, o repertório exigido pelo público era: tangos, fados, valsas, foxtrotes etc.

OS PROGRAMAS DE CALOUROS

Fez tentativas no rádio, em programa de calouros Papel Carbono de Silvino Neto e Calouros em Desfile de Ary Barroso. Enfim recebeu notas ótimas em ambos. (Veja postagem sobre Ary Barroso neste Blog: https://conclavedesol.mastermusica.com.br/ary-barroso-samba-exaltacao). Depois foi aconselhado a tocar músicas dos sanfoneiros nordestinos. Depois foi procurado por Januário França para acompanhar Genésio Arruda numa gravação. Luiz se saiu tão bem, que foi convidado pela RCA para gravar um disco. Acabou gravando dois discos. No primeiro: ‘Véspera de São João‘ eNuma Seresta’. No segundo: ‘Saudade de São João del Rei‘ e ‘Vira e Mexe‘, de sua autoria. Os instrumentos básicos para cantores do baião eram a sanfona, zabumba e triângulo; levou para todo o país a cultura musical do Nordeste: o baião, o xaxado, o xote e o forró. As letras de suas composições descreviam pobreza, tristezas e as injustiças de sua terra. Ficou conhecido como O Rei do Baião.

LUIZ GONZAGA, O REI DO BAIÃO

PRIMEIRAS GRAVAÇÕES

Teve aula formais de acordeon no Rio de Janeiro para melhorar sua técnica; aprendeu a tocar sanfona de 120 baixos. Ganhou notoriedade com as canções ‘Asa Branca‘, ‘Juazeiro‘ e ‘Baião de Dois‘. O gênero musical que o iria consagrar era o baião. Em 1941, gravou dois discos: ‘Nós Queremos uma Valsa’, ‘Arrancando o Caroá’ e “Fariluto e ‘Segura a Polca‘; enfim gravou um total de 32 discos. Trabalhou também como radialista na Rádio Clube e Rádio Tamoio. Mais tarde, buscou parceiras para ajudá-lo a escrever as músicas que cantaria: Humberto Teixeira: 27 músicas; Zé Dantas: 47 composições, entre elas ‘A dança da Moda‘ e ‘O Xote das meninas‘ e João Silva: mais de 30 canções. Se apresentou também no Cassino da Urca e no Cassino Ahú, em Curitiba. Logo depois conheceu Pedro Raimundo, acordeonista; se inspirou nele passoando a usar os trages de vaqueiro que o consagraram como artrista.

LUIZ GONZAGA E SUA VIDA AMOROSA

Luiz conheceu em 1945 uma cantora chamada Odaléia Guedes dos Santos, conhecida por Léia. A moça estava grávida; foram morar juntos e Luiz assumiu a paternidade da criança, e deu-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, que acabaria também seguindo a carreira artística, tornando-se o Gonzaguinha. A relação do casal não deu certo e Léia saiu de casa levando o menino. Contudo Luiz a ajudava financeiramente e visitava o menino.[Algum tempo depois, Léia adoeceu, Luiz a levou para um sanatório e entregou o filho para Xavier e Dina padrinhos de Gonzaguinha. Léia morreu de tuberculose, quando seu filho tinha dois anos e meio. O casal, apesar de muito pobre, criou o menino com seus outros filhos com carinho. Luiz sempre visitava Gonzaguinha e o sustentava financeiramente. Xavier o considerava como a um filho e lhe ensinava a tocar viola. O menino também os considerava como seus pais.

UM NOVO AMOR

Luiz Gonzaga conheceu no Rio em 1946 a professora pernambucana Helena Cavalcanti, em um show que fez, e começaram a namorar. Ele precisava de uma secretária para cuidar de sua agenda de shows e de seu patrimônio financeiro, e antes de a pedir em namoro, a convidou para ser sua secretária. Helena precisava de um salário extra para ajudar os pais, já idosos, com quem ainda morava, e aceitou. Nos dias em que não dava aula para crianças do primário, cuidava das finanças de Luiz em um escritório que ele montara. Eles noivaram em 1947 e casaram-se em 1948, permanecendo juntos até o fim da vida de Luiz. Não tiveram filhos. Helena não conseguia engravidar e o casal adotou uma criança, uma menina recém nascida, a quem batizaram de Rosa Cavalcanti Gonzaga do Nascimento.

LUIZ GONZAGA E GONZAGUINHA

Luiz Gonzaga era pai adotivo de Gonzaguinha. Entretanto, os anos se passaram e Gonzaguinha jamais aceitou que Luiz não o tivesse criado. Gonzaguinha era rebelde e dessa forma Luiz o mandou para um para um internato. Havia muitos conflitos com a madastra Helena que não o aceitava e Gonzaguinha só deixou definitivamente o internato aos dezoito anos. Depois de vencer o vício do álcool, Gonzaguinha conseguiu concluir a universidade e tornou-se músico como Luiz Gonzaga. Acabou enfim se reconciliando com o pai depois de muitos problemas; os dois passaram a se entender e ficaram mais unidos. Viajaram pelo Brasil em 1979 e tiveram uma boa fase com muitas composições em conjunto.

O REENCONTRO COM O PAI

Depois de muitos anos longe das família e sem dar notícias Luiz Gonzaga resolveu ver a família. Em 1946, Luiz voltou pela primeira vez à sua cidade natal Exu, e reencontrou seus pais. Depois de ter conquistado fama e sucesso como artista, houve um misto de sentimentos. Seu pai, Januário, inicialmente teve dificuldade em aceitar a profissão de músico escolhida pelo filho, e a relação entre eles foi marcada por tensões e desentendimentos. No entanto, ao longo do tempo, e com o sucesso indiscutível de Luiz, Januário passou a respeitar e se orgulhar da trajetória do filho. A emoção do reencontro com a mãe, Santana, e outros familiares foi palpável, e a história desse retorno foi retratada em algumas canções e produções cinematográficas sobre a vida do Rei do Baião. O reencontro com seu pai é narrado em sua composição ‘Respeita Januário’, em parceria com Humberto Teixeira.

ÚLTIMOS ANOS E PARTIDA

Luiz Gonzaga faleceu no dia 2 de agosto de 1989, em Recife, Pernambuco, de causas naturais. Na época, ele estava com 76 anos. Sua morte foi um grande golpe para a cultura brasileira e ele foi velado com todas as honras que um artista que sua estatura merecia. Milhares de pessoas prestaram então, homenagem ao Rei do Baião durante seu velório e sepultamento, demonstrando a imensa importância e influência que ele teve na música popular brasileira.

A HISTÓRIA DA MÚSICA ASA BRANCA

O hino sertanejo ‘Asa Branca‘ foi escrito em 3 de março de 1947 por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A música tem uma letra incrível e um significado interessante, então logo estourou no Brasil. O nome ‘Asa Branca’ vem de uma ave que possui natureza migratória e consegue voar a longas distâncias e altitudes. A letra fala com muita sutileza de um problema muito sério: a seca do sertão. A forma como descreve as paisagens, a sazonalidade e os animais renderam a Luiz Gonzaga o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Veja o que Severino Mendes, o professor de ecologia da UFRPE que sugeriu a indicação, falou sobre o assunto: A canção está relacionada à época de seca, e reforça a sazonalidade da região. Luiz Gonzaga era um profundo observador da natureza e do clima do sertão, e por isso indicamos ele ao título.

LUIZ GONZAGA, O REI DO BAIÃO

Concluindo

Em resumo, Luiz Gonzaga aprendeu música inicialmente de forma autodidata e por influência de seu pai. Mais tarde, buscou conhecimento formal para aprimorar sua técnica, mas foi a sua paixão e conexão com os ritmos do Nordeste que o fizeram uma lenda da música brasileira. Luiz Gonzaga não lia partituras no sentido tradicional. Ele tocava de ouvido e tinha uma incrível capacidade de improvisação. No entanto, para registrar suas músicas e para colaborações com outros músicos, suas composições foram transcritas em forma de partitura. Contudo, músicos parceiros ou profissionais contratados realizavam esse trabalho de transcrição. Humberto Teixeira, por exemplo, um dos principais parceiros de Gonzaga, formou-se em Direito e tinha conhecimento musical formal. Ele foi co-autor de diversas canções com Gonzaga, incluindo a icônica “Asa Branca”, e pode ter contribuído para a formalização de algumas das suas composições em partitura.

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Luiz Gonzaga – O Xote das Meninas

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